Corpo magro é corpo perfeito? Nas últimas semanas,a campanha publicitária da Victoria's Secret foi criticada pelo seu tema. Intitulada "The Perfect Body", o material tentava brincar com o nome da peça "Body" (corpo) e suas características como "caimento perfeito", "conforto perfeito", "Maciez perfeita", o problema é que a informação maior, o tal corpo perfeito, ilustra dez modelos altas, magras, de cinturas finas e quadril pequeno.
Na busca de ser "engraçadinha e bem bolada" - e dirão alguns, apenas para exaltar a beleza "Angel" da marca e ponto final - a Victoria's Secret pisou em um tema triste para as mulheres: a necessidade de colocar um padrão de beleza, muitas vezes inalcançável pela grande maioria, e que transforma muitas mulheres em loucas por dietas, exercícios e cirurgias plásticas para alcançar um patamar de modelo em vez de entender seu biotipo. Um ciclo vicioso que só gera infelicidade e diminui a autoestima.
A marca Dear Kate comprou a briga e resolveu mostrar o que corpos reais e perfeitos, chamando o marketing da Victoria's Secret de irresponsável pela mensagem implícita. Mais de 30 mil pessoas assinaram uma petição do Reino Unido para que a marca peça desculpas por sua mensagem, com um texto que eu gostaria de postar na integra, porque bem, é o resumo do que tudo isso significa:
“Todos os dias mulheres são bombardeadas por propagandas destinadas a fazê-las se sentirem inseguras com seus corpos e encorajadas a gastar dinheiro em produtos que irão supostamente torná-las mais felizes. Tudo isso só serve para diminuir nossa autoestima e nos colocar para baixo, nos fazendo acreditar que somos insuficientes e pouco atraentes. Atitudes como a da Victoria’s Secret contribuem para uma cultura negativa que promove um padrão restrito de beleza e incentiva graves problemas de saúde, como distúrbios alimentares, por exemplo”.
Em redes sociais o movimento foi igualmente intenso com a hashtag #iamperfect, com direito a fotos dentro das lojas da marca. Com o barulho, a Victoria's Secret aceitou a culpa (sem vir a público pedir desculpas, diga-se) e mudou o slogan da campanha para "A Body For Every Body", mas as modelos continuam lá, lindas como são, porém com as mesmas medidas, o que ainda não representa o "todo" do novo slogan.
Nessa semana, li uma postagem da Ju Romano do "Entre Topetes e Vinis" que ela se perguntava: por que achamos a palavra "gorda" ruim quando usamos "magra" sem pensar duas vezes? Isso me bateu forte. "Gorda" não é ofensa, é um biotipo, nosso problema é que tudo que foge do padrão das modelos da Victoria's Secret dessa campanha incomoda muita gente porque não encaixa no que fomos encorajados a acreditar que é bonito. Não estou julgando quem começa uma reeducação alimentar (nada de dieta restritiva, senhores) ou que entra na academia. Se exercitar e se alimentar faz bem, o que não faz bem é visualizar um corpo que você nunca vai ter só porque o mundo inteiro está te dizendo que aquilo é "o corpo perfeito".
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